O desenho, quando utilizado como técnica terapeutica, e a arte como terapia, tem como objetivo atuar como um catalisador, favorecendo o processo terapeutico, de forma que o indivíduo entre em contato com conteúdos internos e muitas vezes inconscientes, normalmente barrados por algum motivo, assim podendo experimentar uma forma de expressar sentimentos e emoções de forma livre e não intencional.
Desde os tempos mais remotos, o homem usou desenhos para expressar não apenas seu modo de vida, mas seus medos e angústias e os registrou nas paredes das cavernas. Milênios mais tarde médicos passaram a estudar e a usar a arte como técnica com fins terapêuticos.

O uso de recursos artísticos com finalidades terapeuticas começa a ser incentivado no início do século XIX. O medico alemão Johann Reil, pioneiro nesta area, estabeleceu um protocolo terapeutico, com finalidade de cura psiquiátrica, onde incluiu o uso de desenhos, sons e textos para estabelecimento de uma comunicação com conteúdos internos. Estudos posteriores traçaram relações entre arte e psiquiatria, sendo que Carl Jung passou a trabalhar com o fazer artístico, em forma de atividade criativa e integradora da personalidade:
“Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida” (Jung, 1920).

Freud em volume XI de Obras Completas, relata que frequentemente experimentamos os sonhos em imagens visuais, como forma de expressão do inconsciente. De acordo com escritos freudianos, as imagens escapam com mais facilidade do superego do que as palavras, alojando-se no inconsciente, e por este motivo o indivíduo geralmente se expressa melhor de forma não verbal. Origina-se deste pressuposto a necessidade da comunicação simbólica, como forma de auto-conhecimento no tratamento terapêutico.

Outro autor psicanalítico que traz importantes contribuições é Donald Winnicott, quando, em sua teoria sobre o desenvolvimento emocional, dava grande importância para a criatividade como um elemento atrelado à saúde. Além disto, instaurou o recurso do grafismo nos atendimentos que realizada, denominando a técnica criada como Jogo do Rabisco.
Vemos assim que uma obra de arte em sua simplicidade consegue, por si só, transmitir sentimentos como alegria, desespero, angústia e felicidade, de maneira única e pessoal, relacionadas ao estado em que se encontra o autor no momento da criação. Através desta expressão e do auxílio profissional, o indivíduo encontra a possibilidade de resgatar seu potencial criativo e sua saúde psíquica, através da resolução de conflitos internos, de forma direta e não intencional.

Holly Schaumloeffel de Oliveira
Psicóloga – CRP: 07/18336