A disfagia após AVC (dificuldade para engolir) é uma das sequelas mais frequentes após um Acidente Vascular Cerebral (AVC), podendo comprometer a segurança alimentar e aumentar o risco de complicações respiratórias. 1 Em alguns casos, a dificuldade não é evidente no início — e pode ocorrer aspiração silenciosa, quando líquidos ou alimentos entram nas vias aéreas sem tosse imediata.1,2

Com avaliação precoce e reabilitação direcionada, é possível reduzir riscos, melhorar a eficiência da deglutição e recuperar autonomia com mais segurança.2,5

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Conteúdo informativo. Não substitui avaliação médica individual.

O que é disfagia pós-AVC?

A disfagia e sequelas da deglutição após AVC ocorrem quando áreas do sistema nervoso responsáveis pela coordenação da deglutição são afetadas. Isso pode alterar etapas da deglutição na boca e/ou faringe, tornando o ato de engolir mais lento, ineficiente ou inseguro.1,2

Sinais e sintomas de alerta

Alguns sinais que merecem atenção, especialmente após AVC, incluem:

  • Tosse ou engasgos durante ou após comer ou beber
  • Voz “molhada”, rouquidão ou pigarro após engolir
  • Sensação de alimento parado na garganta
  • Escape de saliva, alimentos ou líquidos pela boca
  • Fadiga para mastigar ou refeições muito prolongadas
  • Perda de peso, desidratação ou redução importante do apetite
  • Infecções respiratórias recorrentes, como pneumonias

Por que a disfagia após AVC exige atenção imediata?

A deglutição inadequada aumenta o risco de aspiração e, consequentemente, de pneumonia aspirativa, além de desnutrição e desidratação.1,2

Diretrizes clínicas recomendam avaliação da deglutição em pacientes com AVC antes do início da alimentação, hidratação ou uso de medicações por via oral.3,4,6

Como é feita a avaliação da deglutição no paciente pós-AVC

A avaliação é realizada por fonoaudiólogo especializado e inicia-se com exame clínico detalhado, analisando coordenação orofacial, reflexos protetores, padrão respiratório e sinais de risco durante testes controlados. Quando indicado, exames instrumentais como videofluoroscopia ou FEES podem ser utilizados para melhor compreensão da dinâmica da deglutição.2,6

Para conhecer o papel da fonoaudiologia na reabilitação, veja: Fonoaudiologia no Serraville.

Tratamento da disfagia após AVC

O tratamento é individualizado e depende do tipo e da gravidade da alteração identificada, podendo envolver:

  • Estratégias compensatórias para maior segurança ao engolir
  • Exercícios terapêuticos para fortalecimento e coordenação da musculatura
  • Adequação da consistência de líquidos e alimentos, com suporte nutricional
  • Atuação integrada com equipe multiprofissional

Evidências científicas indicam que intervenções estruturadas podem melhorar a deglutição após AVC, reduzindo complicações e favorecendo a recuperação funcional.2,5,7

Disfagia no contexto da reabilitação pós-AVC

A disfagia frequentemente ocorre associada a outras sequelas neurológicas, como alterações motoras, de fala, linguagem e cognição. Por isso, apresenta melhores resultados quando manejada dentro de um plano de reabilitação neurológica integrada.2,6

Saiba mais sobre o cuidado global após o AVC: Reabilitação após o AVC.

Quando procurar ajuda especializada?

Deve-se procurar avaliação sempre que houver engasgos, tosse após refeições, voz alterada após a deglutição, perda de peso, desidratação ou infecções respiratórias recorrentes após o AVC.3,4,6

Perguntas Frequentes (FAQ)

Disfagia após AVC é comum?

Sim. A disfagia é uma das sequelas mais frequentes após AVC, especialmente nas fases iniciais, variando conforme a área cerebral afetada e a extensão da lesão.1,2

Todo paciente com AVC deve ser avaliado para disfagia?

Sim. Recomenda-se avaliação da deglutição antes do início da alimentação, hidratação ou uso de medicações por via oral, devido ao risco de aspiração.3,4,6

A disfagia após AVC pode melhorar?

Em muitos casos, sim. Com reabilitação adequada e acompanhamento especializado, pode haver melhora significativa, especialmente quando o tratamento é iniciado precocemente.2,5

Quais os riscos de não tratar a disfagia?

Os principais riscos incluem pneumonia aspirativa, desnutrição, desidratação e atraso na recuperação funcional.1,2

Quando devo procurar ajuda?

Sempre que houver engasgos, tosse após refeições, voz alterada após engolir, perda de peso ou infecções respiratórias após o AVC.3,4,6

Conclusão

A disfagia após AVC é comum, relevante e tratável. Com diagnóstico adequado e reabilitação orientada, é possível recuperar a deglutição com mais segurança, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida.1,2,5

Referências Científicas

  1. Martino R, Foley N, Bhogal S, Diamant N, Speechley M, Teasell R. Dysphagia after stroke: incidence, diagnosis, and pulmonary complications. Stroke. 2005. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16269630/
  2. Martino R, et al. Dysphagia after stroke and its management. Postgraduate Medical Journal. 2012. https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3394815/
  3. Donovan NJ, Daniels SK, Edmiaston J, et al. Dysphagia Screening: State of the Art. Stroke. 2013. https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/STR.0b013e3182877f57
  4. American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). Adult Dysphagia – Swallowing Screening. https://www.asha.org/practice-portal/clinical-topics/adult-dysphagia/swallowing-screening/
  5. Foley N, Teasell R, Salter K, Kruger E, Martino R. Dysphagia treatment post stroke: a systematic review of randomised controlled trials. 2008. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18456790/
  6. American Heart Association / American Stroke Association. Adult Stroke Rehabilitation and Recovery – Key Recommendations for Assessment (Dysphagia Screening). 2020. https://www.stroke.org/…/Adult-Stroke-Rehabilitation-and-Recovery-Guidelines
  7. Balcerak P, et al. Post-stroke Dysphagia: Prognosis and Treatment. Frontiers in Neurology. 2022. https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2022.823189/full