A demência frontotemporal (DFT) é um grupo de doenças neurodegenerativas caracterizadas pelo comprometimento predominante dos lobos frontal e temporal do cérebro. Diferentemente da Doença de Alzheimer, a DFT costuma iniciar com alterações de comportamento, personalidade ou linguagem, enquanto a memória pode permanecer relativamente preservada nas fases iniciais.1,2
Ela responde por aproximadamente 5 a 10% das demências, mas é uma das causas mais frequentes de demência de início precoce, frequentemente antes dos 65 anos.1,2 Para uma visão geral das demências, veja o conteúdo pilar: Demências: o que são, tipos, sinais e cuidados.
Conteúdo informativo. Não substitui avaliação médica individual.
O que acontece no cérebro na demência frontotemporal
Na DFT, ocorre degeneração progressiva dos lobos frontal e temporal, regiões responsáveis por comportamento social, tomada de decisões, empatia, linguagem e controle de impulsos. Essa degeneração está associada ao acúmulo anormal de proteínas como tau ou TDP-43, dependendo do subtipo da doença.1,3
Principais formas de demência frontotemporal
A DFT engloba diferentes apresentações clínicas, que podem se sobrepor ao longo do tempo:
Variante comportamental da DFT
É a forma mais comum e se manifesta predominantemente por alterações de comportamento e personalidade. A família costuma perceber mudanças marcantes no modo de agir antes de qualquer queixa de memória.
- Desinibição social, atitudes inadequadas ou impulsivas;
- Apatia, perda de iniciativa e redução de empatia;
- Comportamentos repetitivos, compulsivos ou estereotipados;
- Mudanças alimentares, com preferência exagerada por doces ou carboidratos;
- Comprometimento do julgamento e da crítica.1,2
Afasia progressiva primária
Caracteriza-se pelo comprometimento progressivo da linguagem, podendo afetar a fluência da fala, a compreensão ou o significado das palavras. A memória pode permanecer relativamente preservada no início, mas a comunicação torna-se cada vez mais difícil.
Quando a linguagem é o principal sintoma, a atuação da fonoaudiologia é fundamental. Veja: Fonoaudiologia no Serraville.
Sinais iniciais que costumam gerar confusão
Por iniciar com alterações comportamentais ou de personalidade, a demência frontotemporal é frequentemente confundida com transtornos psiquiátricos, como depressão, transtorno bipolar ou alterações de personalidade. Esse atraso no diagnóstico pode dificultar o planejamento adequado do cuidado.1,2
Alguns sinais de alerta incluem:
- Mudança marcante de comportamento em relação ao padrão prévio;
- Perda de empatia e indiferença emocional;
- Condutas sociais inadequadas sem percepção do erro;
- Dificuldade progressiva de linguagem sem queixa inicial de memória;
- Comprometimento precoce da vida social e profissional.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da DFT é clínico e exige avaliação médica especializada, com história detalhada e relato familiar cuidadoso. Testes cognitivos direcionados ajudam a identificar o padrão de comprometimento. Exames de imagem, especialmente a ressonância magnética, podem mostrar atrofia frontal e/ou temporal característica, auxiliando na diferenciação de outras demências.2,4
Em alguns casos, pode haver investigação genética, especialmente quando há histórico familiar ou início em idade precoce, embora isso não seja indicado de rotina para todos os pacientes.3
Tratamento e manejo clínico
Atualmente, não existem tratamentos capazes de modificar a progressão da demência frontotemporal. O cuidado é centrado no manejo dos sintomas, na segurança e na preservação da qualidade de vida do paciente e da família.2,4
O tratamento pode incluir:
- Ajustes ambientais e organização de rotina para reduzir comportamentos de risco;
- Uso criterioso de medicações para sintomas comportamentais, quando necessário;
- Acompanhamento médico regular para revisão de condutas e prevenção de complicações;
- Atuação multiprofissional, com fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia conforme o perfil funcional.
Para pacientes com maior dependência funcional, o cuidado estruturado em ambiente com suporte clínico contínuo pode reduzir riscos e hospitalizações. Saiba mais em: Reabilitação geriátrica multidisciplinar.
Evolução e expectativas realistas
A demência frontotemporal tende a evoluir de forma progressiva, com aumento gradual da dependência funcional. O ritmo de progressão varia, mas costuma ser mais rápido do que no Alzheimer em muitos casos. Planejamento antecipado, apoio ao cuidador e acompanhamento contínuo ajudam a atravessar as diferentes fases com mais segurança e previsibilidade.1,2
Perguntas Frequentes
Demência frontotemporal é Alzheimer?
Não. São doenças diferentes. A DFT afeta principalmente comportamento e linguagem nas fases iniciais, enquanto o Alzheimer costuma iniciar com perda de memória.
Demência frontotemporal tem tratamento?
Não há tratamento curativo ou modificador da doença. O cuidado é focado no controle de sintomas, segurança, reabilitação e suporte ao paciente e à família.
Quando procurar ajuda especializada?
Sempre que houver mudanças comportamentais progressivas, dificuldade de linguagem ou perda funcional, especialmente em pessoas mais jovens, a avaliação especializada é fundamental.
Referências Científicas
- Bang J, Spina S, Miller BL. Frontotemporal dementia. Lancet. 2015. https://www.thelancet.com/article/S0140-6736(14)61561-9/fulltext
- Alzheimer’s Association. Frontotemporal dementia. https://www.alz.org/alzheimers-dementia/what-is-dementia/types-of-dementia/frontotemporal-dementia
- National Institute on Aging. Frontotemporal disorders. https://www.nia.nih.gov/health/frontotemporal-disorders
- NICE. Dementia: assessment, management and support (NG97). https://www.nice.org.uk/guidance/ng97
- Rascovsky K, et al. Sensitivity of revised diagnostic criteria for the behavioural variant of frontotemporal dementia. Brain. 2011. https://academic.oup.com/brain/article/134/9/2456/304165



